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Distribuição e recrutamento da ostra-portuguesa

Distribuição e recrutamento da ostra-portuguesa, Crassostrea angulata (Lamarck, 1819), no estuário do Sado

Teresa Paula Matias Portela

UNIVERSIDADE DE LISBOA-  FACULDADE DE CIÊNCIAS-  DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA ANIMAL 

Mestrado em Ecologia Marinha - 2016
Resumo

The Portuguese oyster, Crassostrea angulata (Lamarck, 1819), has a very high gastronomic, economic and ecological importance worldwide. In the Sado estuary it was particularly relevant in aquaculture production until the 1970s, when mass mortalities almost led to its extinction on this spot. Nowadays, such situation seems to have changed, but it is necessary to develop more scientific works that demonstrate it.

The aim of this study was to obtain updated mapping of the species in this backish system and to study its abundance, larval recruitment and settlement. 

Spatial distribution surveying was analyzed in subtidal and intertidal regions throghout the estuary. In the subtidal zone several species of bivalves were observed and the community was significantly different depending on the area of the estuary. C. angulata was more abundant in the Canal de Alcácer area, both in the subtidal zone and in the intertidal zone, and the organic matter contents and the average grain size of the sediment were the environmental variables that best explained the distribution of C. angulata in the subtidal region. In addiction, the Portuguese oyster natural beds of the Canal de Alcácer, wich have resisted the decline of the species in de Sado estuary, are the ones that are in better condition. New oyster beds were also identified more upstream than was known.

The highest abundances of C. angulata larvae were present in the plankton in spring when the water temperature reached 18 - 20 ºC and the phytoplankton spring production was underway. Settlement was observed after that, from late may to late october. Although, it was not regular over the study period, nor uniform at the tested sites, clearly relevant was the sucessful settlement in areas where no fixation substrate was naturally available.

The results of this study indicate that it will be possible to help the recovery of the Portuguese oyster population of the Sado estuary by applying some management measures that facilitate the revitalization of natural beds. 

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Figura 2.2. Localização das estações de amostragem subtidais estabelecidas para determinação da distribuição de ostra-portuguesa (Crassostrea angulata) e da comunidade de bivalves no estuário do Sado. O conjunto de estações de amostragem (escolhido aleatoriamente) é representativo da área potencial de distribuição de ostra-portuguesa e das diversas zonas do estuário do Sado. 

O delineamento experimental permitiu determinar a distribuição de ostra-portuguesa no estuário do Sado e também da restante comunidade de bivalves. Foram contabilizadas 26 espécies de bivalves e um total de 5862 indivíduos deste grupo. As espécies dominantes em termos numéricos foram Ostrea stentina (52 %), Cerastoderma glaucum (13 %), C. angulata (12 %) e Scrobicularia plana (11 %). Situação diferente foi encontrada para os dados da biomassa, que evidenciaram como espécies dominantes C. angulata (70 %) e O. stentina (12 %). 

ESPÉCIES MAIS ABUNDANTES:

Crassostrea angulata
Ostrea stentina
Abra alba
Cerastoderma glaucum 
Corbicula fluminea
Ensis ensis
Macoma cumana
Mytilus edulis 
Ruditapes decussatus
 Ruditapes philippinarum
Scrobicularia plana 
Solen marginatus
Spisula subtruncata
Venus verrucosa

OUTRAS ESPÉCIES

Abra nitida
Arcopagia crassa
Chamelia gallina 
Gari fervensis
Gibbomodiola adriática
Modiolus modiolus
Musculus discors
Parvicardium pinnulatum
Polititapes rhomboides
Ruditapes sp.
Spisula solidaSpisula solida
Venerupis senegalensis 

Figura 2.4. Mapa do estuário do Sado com a posição (estrelas) das estações de amostragem estudadas de 2 a 4 de julho de 2015. Cada estação de amostragem tem a si associado um gráfico circular onde se podem observar as espécies mais abundantes. As espécies representadas acima são: Crassostrea angulata (azul claro), Ostrea stentina (laranja), Abra alba (cinzento), Cerastoderma glaucum (amarelo), Corbicula fluminea (rosa), Ensis ensis (verde claro), Macoma cumana (roxo), Mytilus edulis (castanho escuro), Ruditapes decussatus (cinzento escuro), Ruditapes philippinarum (castanho claro), Scrobicularia plana (azul escuro), Solen marginatus (verde esuro), Spisula subtruncata (preto) e Venus verrucosa (vermelho). A zona do Esteiro da Marateca engloba os seguintes pontos de amostragem: 29, 31, 32, 33, 34 e 35. A zona da Baía Central está representada pelos pontos: 20, 21, 22, 23, 24 e 30. A zona do Canal Inferior inclui os seguintes pontos amostrais: 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 25, 26, 27 e 28. A zona do Canal Superior engloba os seguintes pontos de amostrgem: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11 e 12.

Figura 2.5. Composição específica de bivalves, por estação de amostragem (arrasto), no estuário do Sado. As espécies representadas acima são: Crassostrea angulata (C_ang: circulo azul claro), Ostrea stentina (O_ste: triângulo laranja), Abra alba (A_alb: cinzento), Cerastoderma glaucum (C_gla: amarelo), Corbicula fluminea (C_flu: rosa), Ensis ensis (E_ens: verde claro), Macoma cumana (M_cum: roxo), Mytilus edulis (M_edu: castanho escuro), Ruditapes decussatus (R_dec: cinzento escuro), Ruditapes philippinarum (R_phi: castanho claro), Scrobicularia plana (S_pla: azul escuro), Solen marginatus (S_mar: verde esuro), Spisula subtruncata (S_sub: preto) e Venus verrucosa (V_ver: vermelho). Na categoria «outros» (violeta) estão as espécies de bivalves com menos que 4 individuos. (correspondiam a menos de 0,07 % da amostra total) – as espécies são: Abra nitida (0,034 %), Arcopagia crassa (0,017 %), Chamelia gallina (0,017 %), Gari fervensis (0,017 %), Gibbomodiola adriática (0,068 %), Modiolus modiolus (0,017 %), Musculus discors (0,017 %), Parvicardium pinnulatum (0,034 %), Polititapes rhomboides (0,017 %), Ruditapes sp. (0,017 %), Spisula solida (0,034 %), Venerupis senegalensis (0,051 %). O número de indivíduos das espécies de ostra (Crassostrea angulata, C_ang (círculo azul) e Ostrea stentina, O_ste (triângulo laranja)) referem-se ao eixo do lado direito do gráfico. As barras das estações 11 e 31 foram interrompidas para que fosse possível visualizar as restantes, o valor da contagem da espécie que foi interrompida está na extremidade superior da barra. 

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Distribuição e recrutamento da ostra-portuguesa, Crassostrea angulata (Lamarck, 1819), no estuário do Sado